O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que não quer confusão com o Banco Central, mas destacou que o chefe da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, deve explicação ao Congresso Nacional sobre sua conduta, em um café da manhã com jornalistas de veículos simpáticos ao governo. “Não quero confusão com o Banco Central. (…) Eu não discuto com o presidente do BC. Ele deve explicação ao Congresso Nacional. Quero é que o Brasil volte a crescer e a distribuir renda”, disse ele, segundo publicação do site 247.
Pela lei complementar aprovada no governo Bolsonaro que instituiu a autonomia do Banco Central, o presidente da instituição “deverá apresentar, no Senado Federal, em arguição pública, no primeiro e no segundo semestres de cada ano, relatório de inflação e relatório de estabilidade financeira, explicando as decisões tomadas no semestre anterior”. Lula e membros de sua administração têm criticado de forma recorrente a taxa de juros elevada, atualmente em 13,75%, e a independência do BC, com o petista afirmando que a instituição não faz mais agora do que quando seu presidente era trocado sempre que um novo governo assumia. O mercado financeiro tem reagido mal a esses atritos, temendo.
No café da manhã, o presidente repetiu as cobranças para que o BC busque atuar em sintonia com a estratégia macroeconômica da gestão atual de médio e longo prazo. Disse que é preciso ter responsabilidade fiscal, como teve nos dois primeiros mandatos, mas também responsabilidades política, econômica e sobretudo social, destacando que a última é a que mais importa.
“Quando eu era presidente da outra vez, eu tinha o José Alencar para fazer a crítica à política de juros, agora sou eu mesmo que faço”, disse Lula, em outro momento do café da manhã, segundo publicação em seu próprio Twitter. “Não deveria ser normal um presidente da República ficar discutindo com o presidente do Banco Central, verbalmente, porque pessoalmente eu só tive um contato com ele. Eu acho que as pessoas que acreditavam que a independência do Banco Central ia mudar alguma coisa no Brasil, que ia ser melhor, têm que ficar olhando se valeu a pena ou não”, reforçou ele. Em evento em Miami pela manhã, no mesmo momento em que era alvo de novos ataques de Lula, o presidente do BC destacou que a independência da instituição é importante porque desconecta o ciclo da política monetária do ciclo político.
*Com informações da UOL