Com uma grande parcela da população vivendo da agricultura de subsistência, principalmente no sertão, onde o clima é semiárido, o Piauí e o Nordeste têm desafios a mais para combater a fome e a pobreza na zona rural. Mas duas iniciativas, tocadas pelos Governos Federal e Estadual, mostram que é possível reduzir a pobreza dessa população sem precisar tirá-la do campo. Somente em 2023, elas ajudaram a combater a fome e a pobreza de mais de 140 mil famílias no Piauí.
Lançado há 21 anos pelo Governo Federal, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) tem duas finalidades básicas: promover o acesso à alimentação e incentivar a agricultura familiar. Por meio dele, o governo compra a produção de agricultores familiares e doa essa produção a famílias em situação de vulnerabilidade.
Em 2023, o programa comprou, no Piauí, alimentos de 684 agricultores familiares, o que corresponde a um total de 1.222.149 kg de produtos. Os alimentos adquiridos pelo PAA foram distribuídos a 147 instituições sociais que, ao fazerem a sua distribuição, chegaram à mesa de 79.670 famílias. O montante financeiro investido no PAA foi de R$ 4.584.606,34.
Já o Programa de Alimentação Saudável (PAS) foi criado pelo Governo do Piauí em 2020, durante a pandemia da Covid-19, e iniciou as ações em 2021, tendo a Secretaria da Agricultura Familiar como executora. Ele segue o mesmo modelo do PAA, mas é prioritariamente financiado com recursos do Fundo Estadual de Combate à Pobreza (Fecop).
Em 2023, o PAS impactou positivamente a vida de 1.414 agricultores, beneficiou 142 instituições que receberam os alimentos e atendeu a 59.249 famílias em situação de vulnerabilidade social. Esse estímulo resultou na produção de 580.242 kg de alimentos, gerando uma movimentação financeira de R$ 5.209.303,57 para a cadeia produtiva da agricultura familiar do estado.
Venda gera emprego e faz circular dinheiro da região
Tanto o PAA como o PAS são administrados no Piauí pela Secretaria da Agricultura Familiar. O PAA compra diretamente dos agricultores familiares, de forma individual, após um cadastro. Já o PAS adquire das associações e cooperativas. “Ao comprarmos de grupos, nós estimulamos o cooperativismo e o trabalho conjunto, fazendo com que a produção aumente”, afirma a secretária da Agricultura Familiar, Rejane Tavares.
Além do combate à fome, os programas também ajudam a aumentar a renda, porque o recurso que chega às famílias vira poder de compra no mercado local. E ainda geram emprego. “Há também casos em que agricultores familiares, por terem a venda certa, contratam diaristas para ajudar a aumentar a produção, o que também aumenta a circulação de dinheiro na região”, diz a gestora.