Os cuidados devem ser constantes com a saúde da pele.
Por Redação Folha Expressa | Publicado em 29/12/2020 às 09h53
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), em 2020, o Brasil deve registrar aproximadamente 183 mil novos casos de câncer de pele. A pesquisa ainda revela que 176 mil correspondem aos cânceres de pele considerados menos agressivos (basocelular e espinocelular), enquanto que cerca de 9 mil casos são os mais agressivos (melanoma).
Diante desse cenário, é fundamental que a população possa redobrar os cuidados com a saúde da pele e saber quais são as verdades e os mitos da doença, como explica o dermatologista Yuri Chaves.
Pessoas de pele mais clara apresentam maior risco de desenvolver a doença?
Verdade. As pessoas de pele mais clara têm um risco maior de desenvolver câncer de pele porque a maioria dos cânceres são provocados pela radiação ultravioleta (radiação solar). Assim, as pessoas de pele mais clara, consequentemente, possuem menos melanina na pele. A substância serve como um protetor solar natural e biológico, ou seja, as pessoas que possuem mais melanina apresentam um fator natural de proteção maior contra a radiação solar. Já as pessoas de pele mais clara não possuem essa proteção natural e acabam ficando mais expostas aos efeitos deletérios da radiação ultravioleta e assim sendo mais propício ao desenvolvimento da doença.
A hereditariedade é um fator de risco?
Mito. A hereditariedade não é o fator principal para o desenvolvimento da maioria dos cânceres de pele, uma vez que o principal fator, na verdade, é a exposição solar. Existem alguns cânceres de pele específicos que podem ter um peso maior desse fator de hereditariedade (genético). Então um caso em que isso pode acontecer é um câncer chamado melanoma, no qual a pessoa tem uma predisposição genética maior e aí o peso do fator genético pode ser inclusive maior do que a exposição solar para alguns tipos de melanoma.
Protetor solar é fundamental para proteger a pele?
Verdade. O protetor solar é um mecanismo importantíssimo para a prevenção da maioria dos cânceres de pele na medida em que a doença é provocada pela radiação solar. Assim, o protetor é um excelente meio de prevenção contra a doença, por isso deve ser usado de forma diária para reduzir as chances de desenvolvimento do câncer.
Câncer de pele está sempre relacionado ao sol?
Verdade. A grande maioria dos cânceres de pele estão relacionados diretamente com a exposição solar, mas alguns tipos possuem um fator genético maior e mesmo sem exposição podem se desenvolver, como é o caso dos Melanomas.
Muita exposição solar na infância influencia no envelhecimento da pele futuramente?
Verdade. Isso influencia tanto no desenvolvimento de câncer em idades mais avançadas quanto no envelhecimento da pele. O sol possui uma ação cumulativa no DNA das células, ou seja, os danos celulares provocados pela radiação ultravioleta solar vão se acumulando no DNA da célula e esses são responsáveis tanto pelo surgimento de cânceres como por um estresse oxidativo nas células que resulta no envelhecimento cutâneo.
É preciso usar protetor solar em dias nublados?
Verdade. O protetor solar deve ser usado mesmo em dias nublados, uma vez que os raios ultravioletas B diminuem a incidência nos dias nublados. Em compensação, os raios ultravioletas tipo A não diminuem sua incidência mesmo em dias nublados e estão diretamente relacionados ao envelhecimento da pele e ao processo de formação de cânceres.
O tipo de câncer não-melanoma pode evoluir para melanoma?
Mito. São dois tipos de cânceres diferentes que se originam de células distintas. Portanto, o tipo de câncer não-melanoma não dá origem ao câncer melanoma e nem vice-versa.
Queimaduras podem evoluir para câncer de pele?
Verdade. Queimaduras podem sim evoluir para um câncer de pele. A queimadura solar mesmo que intermitente (pessoas que não se expõem com frequência) é um fator de risco para alguns tipos de pele. Por outro lado, queimaduras cutâneas mais graves de 2º ou 3º grau, provocadas por outros fatores, podem sim no futuro gerar um tipo de câncer que a gente chama Ulcera de Marjolin, que é um câncer não-melanoma.
Bronzeamento artificial oferece alto risco de desenvolvimento de câncer de pele?
Verdade. O bronzeamento artificial já foi banido em diversos países do mundo porque é algo que tem uma relação muito forte com a formação de câncer de pele. Por isso que o procedimento deve ser evitado a todo custo.
Lesões na pele que não cicatrizam podem ser um indicativo de câncer de pele?
Verdade. Sem dúvida algumas lesões que não cicatrizam são altamente suspeitas de câncer de pele e, devem sim, serem avaliadas de forma mais detalhada por um dermatologista.
Somente regiões expostas à altas temperaturas podem ser afetadas?
Mito. A temperatura não é um fator de risco determinante para o aparecimento do câncer de pele. Por exemplo, áreas que não são expostas podem desenvolver câncer de pele, pois existem tipos da doença que não possuem uma relação tão importante com o sol e que podem ter um peso genético maior e assim aparecer em regiões que não são expostas ao sol. Existem cânceres de pele melanoma que aparecem nas unhas, nas mãos, pés e em áreas genitais que são locais cobertos.
Quanto maior o fator de proteção solar, melhor o protetor?
Verdade. A eficiência dos protetores solares é por meio da transmitância, ou seja, quanto da radiação solar consegue ultrapassar o protetor e provocar danos na pele. Quando a gente mede a transmitância a diferença entre os fatores 30 e os 50, 60 é significativa. Além do mais, o fator 30 parece ter uma proteção muito boa, mas isso é em condições laboratoriais e quando você passa isso para vida real a proteção solar cai bastante. Então para pessoas que possuem a pele muito clara o indicado é sempre usar protetores com fator acima de 50, com alta proteção UVA e UVB. Já as pessoas com pele mais escura e sem fator de risco, o indicado é utilizar um protetor com fator 30.
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