Neste domingo (28), a Venezuela se prepara para uma eleição presidencial que pode representar uma virada significativa na política do país, após 25 anos de domínio chavista. Em 2013, após a morte de Hugo Chávez, Nicolás Maduro venceu uma eleição apertada contra Henrique Capriles. Onze anos depois, a oposição está novamente unida e se encontra em uma posição potencialmente favorável para derrotar o atual governo.
Pela primeira vez em um quarto de século, a oposição, agora representada por Edmundo González Urrutia da coalizão Plataforma Unitaria, lidera as pesquisas com uma margem considerável.
“Esta é a eleição mais desafiadora para o chavismo e a mais promissora para a oposição, devido ao forte desejo por mudança entre a população”, afirmou Luis Vicente León, presidente da consultoria Datanálisis, à BBC News Mundo.
Apesar das pesquisas independentes apontarem uma vantagem de mais de 20 pontos para González Urrutia e uma rejeição significativa à reeleição de Maduro, analistas alertam que o resultado ainda é incerto, dado os obstáculos enfrentados pela oposição.
A candidatura de Edmundo González Urrutia surgiu após a desqualificação de María Corina Machado pelas autoridades venezuelanas. Machado, que venceu as primárias da oposição, foi impedida de concorrer, o que gerou críticas da oposição sobre a legalidade da medida.
Além disso, a oposição denunciou perseguições a seus líderes e apoiadores. Em 2024, foram registradas 102 detenções de pessoas ligadas à oposição, incluindo coordenadores de campanha e simpatizantes.
A oposição também destacou dificuldades impostas pela CNE, como um calendário eleitoral restrito e limitações ao voto de venezuelanos no exterior. Dos mais de 7,7 milhões de venezuelanos que vivem fora do país, apenas 69.189 estão registrados para votar.
A oposição reclamou ainda que a CNE limitou a presença de partidos da coalizão nas cédulas eleitorais, reduzindo a visibilidade de González Urrutia em comparação com Maduro.
Luis Vicente León descreveu as eleições como “semi-competitivas”, onde o governo tem vantagens institucionais e recursos significativos, enquanto a oposição depende de uma mobilização popular espontânea.
O futuro do chavismo
Para o chavismo, a eleição representa a continuidade de um projeto político de 25 anos. Maduro e outros membros do governo enfrentam o risco de investigações internacionais e sanções se perderem o poder.
Embora as pesquisas indiquem uma vantagem para a oposição, a capacidade de mobilização do governo e o controle sobre as instituições podem influenciar o resultado final. A participação dos eleitores será crucial para definir o desfecho da eleição.