Em entrevista à Folha Expressa, a historiadora Larissa Valcácer analisou o cenário político dos EUA e explicou o que pode mudar na relação entre Brasil e os Estados Unidos com o novo presidente americano, democrata Joe Biden.
Por Luis Fernando Amaranes |Publicada em 08/11/2020 as 18H02
O futuro das relações de parcerias entre o Brasil e os Estados Unidos com o novo presidente, o democrata Joe Biden, depende da capacidade do governo brasileiro de negligenciar o apoio à Donald Trump e adotar uma outra postura com a nova presidência americana.
Desde o início das eleições americanas, o presidente Jair Bolsonaro demonstrou apoio e torcia pela reeleição do republicano Donald Trump, que acabou sendo derrotado neste sábado (08), por Biden que alcançou os 279 delegados no Colégio Eleitoral, nove a mais do que o necessário para ser eleito. Ele pode chegar a 306 delegados se confirmar a vantagem nos estados da Geórgia e do Arizona.
A historiadora Larissa Valcácer, graduada na Universidade Federal do Piauí, comenta sobre as perspectivas políticas americanas e o que muda na relação EUA- BRASIL, a partir de agora.
“Falar em eleições presidenciais nos Estados Unidos é abordar as principais temáticas dentro da geopolítica mundial. Sabemos que hoje os EUA é a maior potência econômica do mundo. Então, isso explica a ansiedade que todos os países estavam em relação à resposta de quem seria o novo presidente dos país. Atualmente os Estados Unidos é o segundo maior parceiro do Brasil, ficando atrás apenas da China. As trocas comerciais hoje, ultrapassam cerca de U$ 50 bilhões de dólares por ano, ou seja, é muito dinheiro e muitos interesses envolvidos. Diante disso, não podemos de forma alguma deixar de debater essa relação entre Brasil e Estados Unidos.
Para a historiadora, com a vitória de Joe Biden, haverá um certo estranhamento por parte do Brasil. Desta forma, o presidente Jair Bolsonaro deve adequar sua postura ao novo cenário político americano.
“Nós acompanhamos de forma bastante nítida no governo Bolsonaro, a relação próxima entre Jair e Trump. Essa mudança de presidente vai causar sim, um certo estranhamento por parte do governo brasileiro, ou seja, nós estamos acompanhando a mudança de gestão presidencial Estados Unidos e com certeza isso vai impactar um estranhamento em relação entre essa parceria com o Brasil. Entretanto, o Itamaraty já está procurando convencer o presidente Bolsonaro a mudar totalmente a sua posição, porque o vínculo entre os países está acima de pessoas. Bolsonaro com certeza irá receber instruções do palácio para poder mudar sua postura, adequando-se ao novo cenário político dos Estados Unidos”, ressalta Larissa Valcácer.
Em entrevista, Larissa Valcácer, explica ainda que necessariamente não se traduzirá uma relação ruim entre Brasil e Estados Unidos.
“Acredito que não haverá um rompimento nas relações econômicas, entretanto, o governo de Biden será bastante pragmático como todos os outros governos de democratas nos Estados Unidos. Portanto, não haverá mudanças tão significativas em relação ao Brasil”, afirma.
O novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deve se unir com outros países do mundo, especialmente com os da União Europeia, para pressionar o governo brasileiro a reduzir emissões de carbono e aumentar a preservação ambiental na Floresta Amazônica. A historiadora afirma a possibilidade dos EUA em pressionar o Palácio do Planalto.
“Em relação ao meio ambiente haverá uma problemática, porque durante as campanhas presidenciais americanas, Biden sinalizou a criação de um fundo para a Floresta Amazônica, ou mesmo uma punição com o Brasil caso não preservasse suas florestas. E isso não foi bem recebido por Jair Bolsonaro. Os democratas possuem esse olhar mais incisivo pela economia verde”, conclui a especialista.
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