As eleições para prefeitos e vereadores que acontecem no próximo domingo (06), em mais de 5 mil cidades brasileiras, podem ser vistas como um reflexo das forças políticas que vão moldar o futuro. Embora a escolha dos eleitores tenha impacto local, o resultado das urnas pode sinalizar quais partidos estarão melhor posicionados nas eleições de 2026, quando será definido o próximo presidente, governadores e a composição do Congresso Nacional e das assembleias legislativas.
No entanto, segundo especialistas, dominar o cenário municipal não garante vantagem automática na corrida presidencial. Em 2020, o PT teve o pior desempenho em 16 anos, conquistando apenas 183 prefeituras, sem nenhuma capital estadual. Apesar disso, a sigla voltou ao poder federal com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 2022, evidenciando que a força nos municípios não sempre se traduz em sucesso nacional.
Ainda assim, as eleições municipais são vistas como um termômetro importante para medir a influência dos partidos e sua capacidade de formar alianças. “Embora não seja uma prévia para a eleição presidencial, o resultado municipal ajuda a calibrar o poder dos partidos na construção de alianças para 2026”, afirma Rafael Cortez, cientista político e professor do IDP. Ele acrescenta que, para os eleitores, o efeito das eleições locais é menos significativo, já que eles tendem a avaliar o desempenho dos gestores municipais.
Beatriz Rey, pesquisadora da USP, reforça a ideia de que as eleições municipais de 2024 terão um impacto mais imediato sobre as articulações no Congresso, especialmente na eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, que ocorrerá em 2025. Segundo ela, essa disputa será tão crucial quanto a corrida presidencial, já que a escolha do próximo presidente da Câmara vai moldar a dinâmica política do país nos anos seguintes.
Outro ponto importante é o comportamento da direita, que ainda busca um nome para substituir Jair Bolsonaro, inelegível após condenação eleitoral. Governadores como Tarcísio de Freitas (SP), Ronaldo Caiado (GO) e Romeu Zema (MG) despontam como possíveis opções. Em São Paulo, a disputa entre o atual prefeito Ricardo Nunes e o empresário Pablo Marçal pode definir o caminho da direita para 2026, com Marçal representando uma ala mais radical e disruptiva.
A expectativa é que a centro-direita e a direita mantenham a maioria das prefeituras, com partidos como PSD e PL saindo fortalecidos. Por outro lado, siglas tradicionais como MDB e PSDB tendem a perder espaço. Em resposta, Lula, que tem enfrentado dificuldades para atuar como cabo eleitoral neste pleito, pode promover uma reforma ministerial para dividir as forças da direita e evitar sua consolidação em 2026.