A saída do ex-governador paulista João Doria da corrida presidencial não representa necessariamente que o PSDB vá fechar com a pré-candidata do MDB, Simone Tebet — que representa a terceira via até agora — nem que os integrantes do partido se dividirão entre a senadora e o presidente Jair Bolsonaro (PL). Pelo menos não naquilo que depender do PT, que se organiza para trazer os rivais históricos para perto do ex-presidente Lula. Na última reunião do conselho político da chapa que será lançada à disputa do Palácio do Planalto, o tema principal foi a formação de alianças fora da esquerda — e o PSDB tem um espaço importante nessas coligações.
Depois da reunião do conselho da chapa de Lula e Geraldo Alckmin, a presidente nacional do partido e deputada federal Gleisi Hoffmann (PR) afirmou que o nome do ex-pré-candidato tucano não está vetado. Disse, ainda, não ser contra “ninguém que se coloque nesse campo democrático”.
A aproximação entre petistas e tucanos está sendo feita aos poucos e com cuidado para não queimar etapas. O primeiro a dar sinal de que os dois partidos podem entrar em um entendimento partiu do ex-senador e ex-chanceler Aloizio Nunes Ferreira, que declarou publicamente voto em Lula. Além disso, Alckmin é considerado um nome importante na estratégia de promover maior interação com os tucanos. Além disso, o próprio Doria disse que o ex-presidente “não é Bolsonaro, é inteligente e tem passado”.
Mas há resistências dentro do PT à essa aproximação com os tucanos e, sobretudo, com o ex-governador de São Paulo. Há um grupo que, pragmaticamente, defende o diálogo por considerar que não se pode prescindir de chamar o PSDB para perto, sobretudo pela história do partido pela consolidação da democracia. Só que existem outros petistas que não querem nem pensar nessa possibilidade.