O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez, ontem, dois movimentos relacionados à participação do Centrão no governo. Logo cedo, em entrevista para a Rede Record, deixou claro que não abre mão de Wellington Dias à frente do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome. Mas, à tarde, confirmou que o deputado federal Celso Sabino (União-PA) é o novo ministro do Turismo, em substituição à deputada Daniela Carneiro (União-RJ).
Na entrevista, Lula afastou a hipótese de entregar ao Centrão a pasta que administra o Bolsa Família e outros programas sociais de imensa capilaridade — o grupo liderado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que tentou emplacar o deputado André Fufuca (PP-MA) no lugar do petista Wellington. O presidente tirou o ministério do pacote de negociações por pressões internas do governo, do PT, de entidades da sociedade civil e até mesmo da primeira-dama, Janja, que classificou o Desenvolvimento e Assistência Social como o “coração” do governo. Avisou, ainda, que alguns espaços na Esplanada são inegociáveis.
“Esse ministério é meu, não sai do PT; (o ministério da) Saúde (também) não sai. Não é o partido que quer vir para o governo que pede ministério, é o governo que oferece ministério. É só fazer uma inversão de valores”, disse, na entrevista à Record.
Mas observou que, “no momento certo”, o governo vai conversar com os partidos “de forma tranquila”. “Não quero conversa escondida, secreta. A hora que voltar o Congresso, juntar os líderes, vou conversar e toda a imprensa vai ficar sabendo do que foi ofertado e o que o governo quer estabelecer de relação com o Congresso até o final do mandato. Troquei tanta gente que as pessoas vão perceber que, quando fizer as mudanças que tenho que fazer, com os acordos que puder fazer com os partidos políticos, todo mundo vai saber”, garantiu, tentando pôr fim à série de especulações sobre trocas no primeiro escalão.
Se o Desenvolvimento e Assistência Social é uma pasta inegociável, em contrapartida Lula anunciou a entrada de Celso Sabino no Turismo. A nomeação deve sair no Diário Oficial da União (DOU) nas próximas horas. O deputado é ligado a Lira e sua chegada é parte do projeto do governo de aumentar o espaço do Centrão no primeiro escalão, além de garantir a fidelidade do União Brasil — que controla também as pastas das Comunicações e do Desenvolvimento Regional, mas não tem correspondido ao Palácio do Planalto em número de votos no Congresso.
Sabino, por sua vez, já apareceu nas redes sociais como titular do Turismo. Em vídeo, reiterou que aceitou o convite, agradeceu a nomeação feita por Lula e afirmou que trabalhará “com muita responsabilidade e disposição”. “Agradeço ao presidente pela confiança. Agradeço à minha bancada do União Brasil, na Câmara dos Deputados, e assumo, com muita responsabilidade, disposição e vontade de fazer com que o turismo no nosso país signifique aquilo que significa em outros países, com mais empregos, mais renda e mais desenvolvimento, trazendo divisas para favorecer a construção do Brasil que todos nós queremos”, afirmou no vídeo.