Em conversas reservadas com o governo brasileiro, na sexta-feira (10), a Casa Branca sustentou que os objetos voadores identificados nos Estados Unidos e no Canadá tinham um propósito: espionar instalações militares e passar informações estratégicas para a China.
As afirmações foram feitas por auxiliares diretos de Joe Biden à delegação que acompanhava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em visita a Washington, e reforçaram no Palácio do Planalto a percepção de que os americanos veem esses episódios com gravidade. Lula e Biden, porém, não trataram do assunto na reunião que tiveram no Salão Oval.
O Planalto e o Itamaraty acompanham o caso com atenção, mas a ordem por enquanto é manter distância da troca de farpas entre Estados Unidos e China. Uma das leituras feitas à CNN, por assessores presidenciais, foi a de que uma guerra retórica está em curso e será usada por todos os políticos americanos — da Casa Branca à oposição no Partido Republicano — para galvanizar o sentimento anti-China na opinião pública local.
De acordo com o Pew Research Center, entre 2005 e 2022, a opinião “desfavorável” à China no país subiu de 35% para 82% dos americanos. Mais do que isso: hoje essa avaliação está disseminada entre eleitores democratas e republicanos, praticamente sem distinções.
O temor, no governo brasileiro, é que isso sirva como respaldo para uma escalada das tensões entre Estados Unidos e China justamente no momento em que Lula tenta criar um ambiente pró-negociações de paz entre Rússia e Ucrânia.
No entanto, conforme lembrou à CNNuma fonte da diplomacia brasileira, é preciso ter em mente que nenhum dos lados é ingênuo quando se fala em espionagem . O próprio governo brasileiro, incluindo a ex-presidente Dilma Rousseff e a Petrobras, foi alvo de espionagem eletrônica pela Agência de Segurança Nacional (NSA) em 2015.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, adiou uma viagem oficial a Pequim após o abatimento dos objetos voadores. Na quinta-feira da semana passada, a China disse ter recusado uma ligação do secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin.
Austin queria falar com seu homólogo, Wei Fenghe, após a derrubada de um primeiro balão. Os chineses justificaram que a medida foi irresponsável e não havia clima propício para o diálogo.
* com informações da cnn