A deputada estadual Lucia Helena Pinto de Barros (PSD), conhecida como Lucinha, e sua ex-assessora parlamentar, Ariane Afonso Lima, foram denunciadas pelo procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos, por integrarem a milícia conhecida como “Bonde do Zinho” ou “Família Braga”, liderada por Luis Antonio da Silva Braga, o Zinho. A denúncia, apresentada nesta segunda-feira (17), detalha que Lucinha e Ariane ocupavam posições no núcleo político da organização criminosa, enquanto Zinho se entregou à Polícia Federal em 24 de dezembro do ano passado.
Segundo as investigações, a milícia operava com diferentes núcleos, incluindo o operacional, responsável pela execução de atividades criminosas e patrulhamento das áreas sob seu domínio, e o financeiro, dedicado à lavagem de dinheiro obtido ilegalmente. A denúncia, originada da Operação Dinastia I, identificou também um núcleo político, no qual Lucinha e Ariane atuavam para defender os interesses da organização junto ao Poder Público.
A interferência das denunciadas na esfera política incluiu fornecer informações estratégicas ao grupo miliciano sobre a agenda do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, em 2021, facilitando a retirada de membros da milícia das áreas sob seu controle durante as visitas do prefeito à zona oeste da cidade. Além disso, houve tentativas de influenciar autoridades municipais para manter uma “brecha” no transporte público que beneficiava financeiramente a milícia.
Outras acusações incluem a tentativa de interferir em investigações policiais em curso e remover autoridades que estavam envolvidas no combate à organização criminosa, como comandantes da Polícia Militar e delegacias locais. Durante o período de junho de 2021 a março de 2022, Lucinha e Ariane se reuniram frequentemente com líderes da milícia, incluindo Zinho, para coordenar estratégias de influência na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
As acusações contra Lucinha e Ariane envolvem violações ao artigo 288-A do Código Penal, conforme a Lei 12.850/12, que trata da formação de milícia privada. A pena prevista para esse crime varia de 5 a 10 anos de prisão, além de multa e perda da função pública. Procurada pela reportagem da Agência Brasil, a deputada não foi localizada para comentar as acusações até o fechamento da matéria.