Este ano, com dezenas de eleições em países onde metade da população mundial vota, an empresa americana OpenAI, responsável pela criação do robô virtual ChatGPT, anunciou o lançamento de ferramentas contra a desinformação.
A ferramenta de chat ChatGPT provocou uma revolução na IA, mas os especialistas também alertaram que esses programas podem inundar a Internet de desinformação e afetar as escolhas dos eleitores.
Na segunda-feira (15/1) a OpenAI anunciou que não permitirá que sua tecnologia, incluindo o ChatGPT e o gerador de imagens DALL-E 3, seja usada em campanhas políticas, devido ao fato de que muitas eleições acontecerão este ano em países como Estados Unidos, Índia e Grã-Bretanha, bem como em nações menores como o Uruguai.
“Queremos garantir que a nossa tecnologia não seja usada para minar” os processos democráticos, afirmou a OpenAI em um blog.
“Ainda estamos trabalhando para compreender a eficácia das nossas ferramentas de persuasão personalizada. Até sabermos mais, não permitimos a construção de aplicativos para campanhas políticas e grupos de pressão”, acrescentou a empresa.
Desinformação: uma ameaça
Na semana passada, o Fórum Econômico Mundial alertou que a desinformação, incluindo a produzida pela IA, é um dos maiores perigos globais no curto prazo e pode prejudicar os governos recém-eleitos nas principais economias do mundo.
A preocupação com a desinformação eleitoral começou há anos, mas o acesso rápido a geradores de texto e imagens baseados em IA aumentou o perigo, especialmente se os usuários não conseguirem distinguir facilmente se o conteúdo é verdadeiro ou manipulado.
A OpenAI revelou ontem que está trabalhando em ferramentas para melhorar a confiabilidade dos textos gerados pelo ChatGPT. Além disso, a empresa também cogita dar aos usuários a capacidade de identificar se uma imagem foi criada com o DALL-E 3.
“No início deste ano, implementaremos as credenciais digitais da Coalition for Content Provenance and Authenticity (Coalizão para Autenticidade e Prevenção de Conteúdos), uma abordagem que codifica os detalhes sobre a procedência do conteúdo usando criptografia”, declarou a empresa.
Essa coalizão, chamada C2PA, tem como objetivo melhorar an identificação e o rastreamento de conteúdo digital. Seus membros incluem gigantes como Microsoft, Sony, Adobe e as empresas japonesas Nikon e Canon, especializadas em fotografia.
A OpenAI afirma que o ChatGPT guiará os usuários para sites autorizados quando forem feitas perguntas sobre procedimentos relacionados às eleições americanas, como onde votar.
“As conclusões deste trabalho servirão de base para nossa abordagem em outros países e regiões”, afirmou a empresa, acrescentando que o DALL-E 3 conta com “cercas” para evitar a geração de imagens de pessoas reais, incluindo candidatos.
Os gigantes tecnológicos como o Google e a rede social Facebook estavam tomando medidas para limitar a interferência política, principalmente por meio da IA, antes do anúncio da OpenAI.
Em seu trabalho, a AFP já negou informações falsas, como o anúncio do presidente dos Estados Unidos de recrutar soldados ou o curta-metragem da democrata Hillary Clinton, declarando seu apoio à candidatura presidencial do republicano Ron DeSantis, governador do estado da Flórida.
Seus resultados mostram que este tipo de conteúdo audiovisual circulou nas redes sociais durante a campanha, como nas eleições de Taiwan este mês, por exemplo.