O ministro Paulo Guedes admitiu que não queria “furar o teto”, mas deixou claro que, com a pressão da ala política, não lhe restou outra opção. “A preferência da economia era manter o teto e pedir uma autorização para gastar um pouco mais, ali ao lado. Mas, tecnicamente, é defensável”, afirmou. “Não vamos deixar as pessoas passarem fome para tirar 10 no fiscal.”
Para demonstrar apoio ao aliado, Bolsonaro foi até o Ministério da Economia ontem. Conversaram brevemente e, em seguida, o presidente desceu até o auditório da pasta, onde falou ao lado de Guedes. Bolsonaro disse que o ministro entende “as aflições que o governo passa” e que tem confiança absoluta nele. “Nós nos entendemos muito bem.” Guedes minimizou a saída de seus secretários. Ele os chamou de “jovens” e disse que escolheu alguém mais “sênior” para o cargo – seu atual assessor e ex-ministro do Planejamento Esteves Colnago.
A debandada dos técnicos se deu por discordarem da solução encontrada para viabilizar o Auxílio Brasil de R$ 400. Para financiar o programa, que substituirá o Bolsa Família, será mudado o período de correção do limite, que hoje é pela inflação acumulada até junho do ano anterior, para a variação de janeiro a dezembro. Isso abrirá R$ 40 bilhões a mais de espaço para gastos no ano que vem, quando Bolsonaro tentará se reeleger.
Guedes disse que é “natural” que a política queira “furar o teto e gastar mais”, mas que está de olhos nos limites. “O auxílio de R$ 400 não é uma falta de compromisso, é coisa muito ponderada. A ala política estava pedindo muito mais, estava pedindo R$ 600 “Apesar de tentar defender a manobra no teto de gastos para viabilizar o Auxílio Brasil de R$ 400 em 2022, Guedes enfatizou que a ideia não partiu da equipe econômica. O ministro citou uma frase muito usada por Bolsonaro para sinalizar que a mudança na regra fiscal partiu da ala política do governo.