O economista sul-coreano Ha Joon Chang criticou o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) por beneficiar economias ricas enquanto impõem políticas prejudiciais aos países mais pobres. Segundo Chang, a lógica de “um dólar, um voto” concentra o poder de decisão nos países que mais contribuem financeiramente, como os Estados Unidos, que possuem 80% dos votos, em contraste com os 6% da China, apesar da grandeza econômica chinesa.
Chang, autor de Chutando a Escada, participou dos debates do G20 Social, na sexta-feira (15), em uma mesa sobre Reforma da Governança Global, uma das prioridades do governo brasileiro. Ele argumentou que políticas neoliberais como as do Consenso de Washington, aplicadas desde os anos 1980, fracassaram em impulsionar o crescimento nos países em desenvolvimento e ainda prejudicaram o avanço de economias da América Latina, que antes cresciam a taxas superiores.
O economista também apontou que as nações ricas impõem regras que elas mesmas não seguiram para alcançar o próprio desenvolvimento, “chutando a escada” para impedir que países mais pobres possam utilizar estratégias similares. Ele reforçou que essas políticas acabam consolidando uma “história de dominação”, beneficiando o Norte Global e dificultando o progresso dos países emergentes.
A cúpula do G20 Social antecede a reunião dos líderes do G20, onde propostas para reformar instituições como o FMI e o Banco Mundial devem ser discutidas. Apesar das expectativas, o embaixador Celso Amorim ponderou que o avanço sobre o tema poderá enfrentar obstáculos, especialmente após a eleição de Donald Trump nos EUA, cuja política externa desconsiderou fóruns internacionais.