Após o atentado contra o Supremo Tribunal Federal (STF), na última quarta-feira (13), os ministros da Corte destacaram a escalada da radicalização política no Brasil. Sem mencionar nomes diretamente, associaram a disseminação de discursos de ódio ao ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores, apontando a influência dessas ações nos ataques contra instituições da República e ao Estado Democrático de Direito. O ato, realizado pelo extremista Francisco Wanderley Luiz, foi classificado como um episódio grave em uma série de investidas contra o Judiciário.
Durante a sessão, o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, citou casos emblemáticos de violência e desrespeito às instituições, envolvendo figuras como o ex-deputado Daniel Silveira, o ex-parlamentar Roberto Jefferson e a deputada Carla Zambelli (PL-SP). Para Barroso, tais episódios são reflexo de um ambiente de ódio e intolerância que precisa ser combatido com punições severas, mas também com o resgate da civilidade no debate político. “Precisamos encontrar o caminho de volta à nossa alma fraterna e ao respeito mútuo”, afirmou.
O ministro Gilmar Mendes reforçou que o atentado não é um fato isolado, mas parte de um contexto fomentado pelo governo anterior. Segundo ele, o discurso de ódio, a desinformação e o fanatismo político foram amplamente promovidos, destacando a importância de regular as redes sociais para conter a propagação dessas práticas. “A tentativa de golpe não surgiu do nada; foi resultado de uma ideologia alimentada sistematicamente”, afirmou.
O ministro Alexandre de Moraes também responsabilizou o chamado “gabinete do ódio”, grupo ligado ao ex-presidente, por criar um ambiente favorável à radicalização. Em aula magna, ele classificou o ataque como o mais grave contra o STF desde os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Moraes enfatizou que a pacificação do país exige a responsabilização de todos os envolvidos, rejeitando qualquer possibilidade de anistia.
Os discursos dos ministros ressaltam a urgência de um enfrentamento efetivo ao extremismo político e à intolerância, reforçando o compromisso com a democracia e a preservação das instituições. As declarações ecoam o desejo de reconstruir um ambiente político baseado no respeito e na civilidade, combatendo a violência e o ódio que têm marcado o cenário recente.