Nesta terça-feira (10), a candidata à prefeitura de Teresina pelo PSOL, Lurdes Melo, declarou que, se eleita, pretende eliminar o capitalismo na cidade e instaurar um modelo comunista. Ela comparou seu projeto ao sistema da Revolução Russa de 1917.
“A experiência que temos é a Revolução Russa, realizada pelos trabalhadores, que tomaram as riquezas dos czares e, assim, conseguiram grandes avanços. Naquela época, não havia desemprego, as escolas eram acessíveis a todos e havia saúde para todos. Foi uma experiência muito positiva”, afirmou.
Lurdes Melo também mencionou os Estados Unidos, que adotam o modelo capitalista. Segundo ela, a atual crise no país evidencia as falhas do sistema econômico capitalista.
“O que defendemos é a igualdade e a derrubada do capitalismo. O capitalismo está em decadência e não tem mais para onde ir. Até mesmo os Estados Unidos, que representam o imperialismo, estão enfrentando grandes crises e altos índices de desemprego”, declarou.
Entenda a Revolução Russa de 1917
Em 1917, a Rússia foi palco de uma revolução, que resultou no colapso do regime czarista e no estabelecimento do primeiro governo comunista do mundo. A Revolução Russa, dividida em dois momentos marcantes – a Revolução de Fevereiro e a Revolução de Outubro – foi impulsionada pela insatisfação popular com a fome, a pobreza e as dificuldades causadas pela participação do país na Primeira Guerra Mundial.
Em fevereiro de 1917, protestos espontâneos e greves generalizadas em Petrogrado (atual São Petersburgo) culminaram na abdicação do czar Nicolau II, encerrando séculos de monarquia no país. Um governo provisório foi formado, mas sua incapacidade de retirar a Rússia da guerra e lidar com as demandas da população gerou uma crescente desconfiança.
A oportunidade foi aproveitada pelos bolcheviques, liderados por Vladimir Lênin, que prometeram “paz, terra e pão” ao povo russo. Em outubro do mesmo ano, os bolcheviques tomaram o poder em um golpe relativamente pacífico, marcando o início do regime comunista. Esse evento abriu caminho para a formação da União Soviética e moldou o cenário geopolítico do século 20.
Diferenças entre capitalismo e comunismo
No capitalismo, o mercado é baseado na propriedade privada e na livre iniciativa. Empresas e indivíduos têm a liberdade de produzir, vender e comprar bens e serviços, com o objetivo de gerar lucro. A concorrência entre empresas é incentivada, e os preços são determinados pela oferta e demanda. O governo tem um papel mais limitado, geralmente interferindo apenas para garantir regras básicas e prevenir abusos. Acredita-se que essa liberdade econômica impulsiona a inovação e o crescimento.
Já o comunismo é um sistema que prega a igualdade social e a ausência de classes. A produção e os recursos são de propriedade coletiva ou estatal, e a riqueza é distribuída de acordo com as necessidades de cada um, em vez de ser baseada na capacidade de gerar lucro. No comunismo, o objetivo é eliminar as desigualdades econômicas e sociais, promovendo uma sociedade onde todos têm acesso aos mesmos bens e serviços, e o governo controla e planeja a economia para atender às necessidades do povo.
Enquanto o capitalismo valoriza a liberdade individual e a competição, o comunismo busca a igualdade e a cooperação em uma sociedade sem classes.
Países que adotaram o capitalismo e enfrentaram problemas:
Argentina: Ao longo das décadas, a Argentina enfrentou crises econômicas recorrentes, incluindo hiperinflação, endividamento externo e crises bancárias, apesar de adotar uma economia capitalista. A falta de estabilidade econômica e as políticas econômicas inconsistentes foram desafios notáveis.
Venezuela: Embora tenha adotado políticas de mercado em momentos diferentes de sua história, a Venezuela enfrentou uma crise econômica severa nos últimos anos, com hiperinflação, escassez de produtos básicos e colapso do sistema de bem-estar social, exacerbada por políticas econômicas e corrupção.
Países que adotaram o comunismo e enfrentaram problemas:
União Soviética: O sistema comunista soviético enfrentou sérios problemas, incluindo ineficiência econômica, escassez de bens e serviços, e violações dos direitos humanos. A falta de incentivos para a inovação e a centralização econômica contribuíram para a estagnação e, eventualmente, o colapso do país em 1991.
República Popular da China (antes das reformas de mercado): Sob o governo de Mao Tsé-Tung, a China enfrentou grandes dificuldades econômicas e sociais, incluindo a Grande Fome e as turbulências políticas da Revolução Cultural. O sistema comunista não conseguiu fornecer a prosperidade desejada até que reformas econômicas e abertura de mercado fossem implementadas a partir de 1978.