Mensagens obtidas pela Folha de S. Paulo indicam que o gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pode ter solicitado de maneira informal ao setor de combate à desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a criação de relatórios específicos durante e após as eleições de 2022. Essas mensagens, que totalizam 6 gigabytes de dados trocados via WhatsApp, teriam sido enviadas por auxiliares de Moraes, incluindo seu principal assessor, Airton Vieira.
Conforme a reportagem, os relatórios informais foram destinados a investigar aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e foram usados para fundamentar ações criminais, como o bloqueio de redes sociais e o cancelamento de passaportes de personalidades como o jornalista Rodrigo Constantino e o comentarista Paulo Figueiredo. A documentação enviada pelo TSE ao inquérito das fake news no STF teria levado a medidas como quebra de sigilo bancário e convocações para depoimentos à Polícia Federal.
Além disso, as mensagens indicam que Airton Vieira teria compartilhado com Eduardo Tagliaferro, na época chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE, cópias de decisões sigilosas de Moraes, baseadas em relatórios produzidos sob demanda. Em algumas conversas, houve comentários entre os auxiliares de Moraes sobre a possibilidade de que essas provas pudessem ser consideradas nulas devido à informalidade dos pedidos.
Em resposta às alegações, o gabinete do ministro Moraes afirmou que todas as ações e solicitações feitas durante as investigações seguiram os procedimentos oficiais, foram devidamente documentadas e contaram com a participação da Procuradoria Geral da República. O ministro também destacou que os relatórios apenas descreviam postagens ilícitas nas redes sociais relacionadas às investigações sobre milícias digitais.