Na quarta-feira (26), a Bolívia foi palco de uma crise política intensa quando um grupo de militares liderados pelo general Juan José Zúñiga mobilizou-se no centro de La Paz. A ação resultou na ocupação temporária da Plaza Murillo e do Palácio Quemado, sede do governo, gerando protestos populares e confrontos que levaram à prisão de Zúñiga e outros envolvidos horas depois.
A crise teve origem na destituição de Zúñiga do comando do Exército na terça-feira (25), motivada por suas declarações públicas hostis contra o ex-presidente Evo Morales. As tensões se intensificaram com a mobilização militar e a tentativa de interferência no governo democraticamente eleito de Luis Arce, gerando temores de um golpe de Estado.
O presidente Arce, em resposta, denunciou a ação como uma tentativa de golpe e mobilizou apoio das organizações sociais para defender a democracia boliviana. Novos líderes militares foram nomeados para restaurar a ordem, enquanto acusações mútuas entre Zúñiga e Arce sobre as motivações por trás do incidente inflamaram ainda mais o cenário político.
Internacionalmente, a situação na Bolívia despertou preocupações entre países vizinhos e organizações regionais. O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, condenou a tentativa de golpe, instando o respeito à ordem constitucional. O Brasil, como parceiro estratégico, expressou solidariedade ao governo boliviano e destacou seu compromisso com a democracia na região.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou preocupação com os eventos na Bolívia, destacando a necessidade de respeito à democracia na América Latina. Lula reiterou seu apoio ao presidente Arce e condenou qualquer forma de golpe de Estado na região, refletindo uma posição diplomática de vigilância e apoio à estabilidade democrática.
IMPACTOS NO BRASIL
Regionalmente, a instabilidade na Bolívia tem implicações significativas para o Brasil. Como um parceiro econômico estratégico, especialmente no setor energético, qualquer perturbação política ou econômica na Bolívia pode afetar diretamente acordos comerciais e investimentos bilaterais. Além disso, dada a proximidade geográfica e os desafios comuns em termos de segurança e integração regional, o Brasil enfrenta a necessidade de uma diplomacia vigilante para proteger seus interesses e promover estabilidade na América do Sul.
Economicamente, o Brasil pode sentir os impactos através de interrupções no fornecimento de recursos naturais, como gás natural, e perturbações no comércio transfronteiriço. Políticas de cooperação e desenvolvimento regional também podem ser prejudicadas, afetando projetos de infraestrutura e iniciativas de integração econômica.