Coçar ou esfregar os olhos são fatores de risco, principalmente em casos recorrentes na família.
Por Redação Folha Expressa | Publicada em 10/11/2020 as 11H49
Dia 10 de novembro é o Dia Mundial do ceratocone, uma doença degenerativa que afeta a córnea, camada fina e transparente que recobre toda a frente do globo ocular. A principal característica do ceratocone é a redução progressiva na espessura da córnea, que é empurrada para fora, formando uma saliência com o formato aproximado de um cone. Hábitos como coçar ou esfregar os olhos de maneira frequente são fatores de risco para a doença, principalmente em casos recorrentes na família.
De acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), uma a cada 2 mil pessoas no Brasil sofre com a doença, cerca de 150 mil brasileiros por ano são afetados pelo ceratocone. “Os sintomas são dificuldade para enxergar e sensibilidade a luz. Além disso, pacientes com a doença tem alterações frequentes no grau dos óculos, normalmente dos graus de astigmatismo e miopia”, explica o oftalmologista Mateus Vilar.
A doença costuma iniciar em jovens na faixa etária entre 13 a 18 anos, com a tendência a se estabilizar por volta dos 30 anos. “O surgimento é comum na puberdade sendo a progressão variável, dependendo de cada caso e de fatores externos. O ceratocone é resultado de fatores como o ato de esfregar ou coçar os olhos com frequência. Por isso, o risco de desenvolver a doença é maior nos pacientes alérgicos, que sentem muita coceira nos olhos”, explica o especialista.
O diagnóstico tem como base o levantamento da história clínica do paciente, as queixas de perda da acuidade visual e os defeitos de refração. A avaliação inclui o exame na lâmpada de fenda, um aparelho que permite analisar o olho em detalhes desde a camada externa da córnea até o nervo ótico.
Alguns exames complementares – topografia da córnea, paquimetria corneal e a tomografia da córnea, por exemplo, são úteis para confirmar o diagnóstico, avaliar a progressão da doença, o grau de comprometimento da área afetada pelo ceratocone e nortear o tratamento.
O ceratocone não tem cura, porém se diagnosticada precocemente existe tratamento. “Em estágio inicial o indicado é o uso de óculos ou lentes de contato para correção da visão. Nos casos moderados e mais avançados pode ser necessário realizar tratamentos cirúrgicos como implantes de anéis intra estromais e em alguns casos transplante de córnea, em casos com evolução documentada é indicado realizar um procedimento conhecido como crosslinking.
“Nesse método é realizado uma aplicação de medicamento associado a raios ultravioletas que ajudam para que as fibras de colágeno da córnea se aproximem e fiquem mais fortes, diminuindo as chances de progressão da doença”, relata o profissional.
A data ressalta a importância da realização de exames periódicos para um diagnóstico precoce e início do tratamento. “Crianças e adolescentes devem consultar regularmente o oftalmologista, sobretudo se existirem casos de ceratocone na família. Além disso, é importante evitar esfregar os olhos com frequência, para impedir o aparecimento”, finaliza.
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