Filha de mãe indiana e pai jamaicano, Kamala é conhecida pela postura firme e questionamentos incisivos.
Por Redação Folha Expressa | Publicado em 07/11/2020 às 18H52
A democrata, Kamala Harris, será a primeira vice-presidente mulher dos Estados Unidos. Ela é filha de imigrante, sendo sua mãe indiana e de seu pai jamaicano. Ela também ocupará a posição, sendo a primeira mulher negra e descendente de indianos na vice-presidência do país.
A nova vice-presidente, tem 56 anos e atua como senadora democrata no estado da Califórnia. Companheira do novo presidente dos EUA, Joe Biden. Harris chegou a ser concorrente de Biden na indicação para a concorrência como presidente na convecção do partido democrata.
Ela tem como prioridade a reforma na Justiça criminal norte-americana. Tal reforma consiste em um projeto que é visto como resposta a críticas de parlamentares progressistas a seu trabalho como procuradora-geral da Califórnia.
Poucas mulheres tentaram concorrer ao posto de presidente ou vice-presidente dos EUA e quem ocupa historicamente o lugar de primeira mulher negra a concorrer ao pleito é Shirley Chisholm, que também foi a primeira mulher negra eleita ao Congresso. Mesmo não sendo escolhida, ela concorreu a nomeação à Casa Branca no ano de 1972.
Antes Kamala Harris integrar uma chapa presidencial vieram Geraldine Ferraro (vice de Walter Mondale, do partido Democrata, em 1984), Sarah Palin (vice de John McCain, do partido Republicano, em 2008), e Hillary Clinton, em 2008 (concorreu na convenção democrata) e em 2016 (foi escolhida como a candidata do partido Democrata).
Harris foi escolhida como vice dentre uma lista de outras 13 mulheres com nomes de peso, como a senadora e ex-pré-candidata Elizabeth Warren.
O então candidato também disse que durante a atuação de Haris como procuradora-geral da California ela “enfrentou os grandes bancos, ergueu o povo trabalhador e protegeu mulheres e crianças do abuso. Tive orgulho na época e tenho orgulho agora em tê-la como minha parceira nesta campanha”. Sobre o convite, Kamala contou que ficou “incrivelmente honrada e pronta para trabalhar”.
De rival a companheira de chapa
Em 2019, Kamala Harris surgiu em meio ao partido democrata após demonstrar um bom desempenho durante debates eleitorais e também penas incisivas críticas ao, então rival, Joe Biden a respeito de questões raciais. Mas a campanha de Kamala não durou até pouco depois do início do ano.
Filha de mãe indiada e pai jamaicano, Kamala nasceu em Oaklando, Califórnia e foi criada pela mãe durante maior parte da sua vida. A ma~e foi epsquisadora de câncer e atuou em prol dos direitos civis. Os pais se separaram quando tinha apenas sete anos e, quando chegou aos 12, se mudou com a mãe e a irmã mais nova Maya, para Montreal, no Canadá.
“Minha mãe entendia muito bem que estava criando duas filhas negras”, escreveu Harris em sua autobiografia. “Ela estava determinada a garantir que nos tornaríamos mulheres negras confiantes e orgulhosas.”
No dia da eleição, um vilarejo situado no sul da Índia realizou um momento de oração para Kamala. O fato foi divulgado em uma reportagem do jornal The New York Times e trata-se do vilarejo Thulasendrapuram, cidade natal do avô materno de Kamala.
Um dos assuntos que foi apontado como possível problema para sua identificação com os eleitores negros, seria a origem mista de Kamala. No ano passado, ela contou ao jornal Washington Post que os políticos não devem ser rotulados por sua cor ou ascendência. “Eu sou quem eu sou. Estou de bem com isso. Você talvez tenha que entender isso melhor, mas eu estou bem com isso.”
Depois de ter estudado na universidade Howard, a mais prestigiosa entre as universidades dedicadas a estudantes negros nos EUA, Harris estudou Direito na Universidade da Califórnia em Hastings e começou a carreira na Promotoria do condado de Alameda. Atingiu o cargo de promotora-chefe em San Francisco no ano de 2003, antes de ser eleita a primeira negra procuradora-geral no estado da Califórnia.
Em 2013, Harris se deparou com o advogado Douglas Emhoff, homem o qual se tornaria seu esposo no ano seguinte. Divorciado, Douglas tinha filhas crescidas de outro casamento, que chamam Kamala de “Momala”.
Antes de ser eleita ao Senado, ainda em 2017, Kamala ganhou notoriedade como estrela ascendente dentro do Partido Democrata.
No campo Legislativo, ela se destacou durante seus fortes questionamentos à duas indicações do atual presidente Donald Trump: Brett Kavanaugh, nomeado à Suprema Corte, e William Barr, nomeado ao cargo equivalente a ministro da Justiça.
Ao divulgar sua candidatura à presidência, teve bastante entusiasmo no meio progressista. Mas logo em seguida, passou a receber críticas por não apresentar respostas claras para problemas de suma importância, como a saúde. Na tentativa de tentar agradar moderados e progressistas Harris não teve sucesso e não teve a fidelidade de nenhum dos dois públicos. Mae em março decidiu que iria destinar todas as suas forças para que Joe Biden viesse a se tornar o novo presidente dos Estados Unidos.
Reforma policial e questões de raça
Ao se colocar na corrida presidencial, o histórico de Kamala foi colocado em holofotes. Mesmo tendo um viés esquerdista sobre assuntos como casamento homossexual e pena de morte, Harris teve que enfrentar uma série de criticas de progressistas que julgavam ela como “pouco progressista” a respeito de pautas como reforma policial, combate às drogas e condenações judiciais equivocadas, temas que tem sido fortemente debatidos nos EUA.
Dentro do seu histórico, foi descoberto que em 2004 ela se apôs à redução das penas mínimas. Dez anos depois, Harris não apresentou um posicionamento sobre um projeto de lei que obrigava investigações independentes em casos que envolvessem “uso de força letal” por parte de policiais, devido aos constantes equívocos policiais dentro de comunidades negras e latinas.
No decorrer da campanha, Kamala foi a favor de mudanças na conduta policial e pediu a detenção dos policiais responsáveis pelo assassinato de Breonna Taylor, uma mulher negra de 26 anos que foi morta pela polícia dentro de casa. O caso é um dos símbolos dos protestos Black Lives Matter (“Vidas negras importam”).
Harris também abordou a importância da erradicação do racismo estrutural dentro dos EUA. Mas, a respeito da reforma policial, existem divergências. Biden se posiciona contra a decisão de que o orçamento da polícia deve ser cortado e Kamala pede uma “reimaginação” da segurança pública.
Em vários momentos, Harris disse que devido à sua identidade, se considera apta para dar voz aos cidadãos que se encontram marginalizados.
Discussão sobre este post