A trombose é a formação de coágulos no sangue, que normalmente começa nas pernas. O médico Dr. Kleisson Antônio Pontes Maia explica sobre os cuidados e prevenções da doença.
Por Luis Fernando Amaranes | Publicado em 25/10/2020 às 17H29
Uma pesquisa realizada pela a Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia, indica que uma em cada quatro pessoas no mundo morrem por condições causadas por trombose. A doença é provocada por um coágulo sanguíneo que pode bloquear o fluxo de sangue na região do corpo ou até soltar e se mover para um órgão.
A trombose ocorre, geralmente, após cirurgia, corte ou falta de movimento, sendo mais frequente após procedimentos cirúrgicos ortopédicos, oncológicos e ginecológicos. O problema afeta mais mulheres, pela maior exposição a fatores de risco, como anticoncepcionais e gestações, podendo afetar até homens. A doença atinge pessoas na faixa etária entre 20 à 40 anos.
Em entrevista à Folha Expressa, o Dr. Kleisson Antônio Pontes Maia, Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cardiologia, explica sobre a importância da prevenção da doença.
“A trombose é a formação de um coágulo- trombo em um vaso sanguíneo. Quando o trombo se forma em uma veia, a condição é conhecida como Trombose Venosa Profunda (TVP) e, quando acontece na artéria, como Trombose Arterial (TA), impedindo, em ambos os casos, que a circulação flua de maneira correta”, enfatiza o especialista.
De acordo com o especialista, no Brasil, estima-se que há aproximadamente 400 mil casos de pessoas com Trombose Venosa Profunda por ano.
“O trombo também pode se desprender e viajar para algum órgão, como o pulmão, impedindo o seu funcionamento, condição conhecida como embolia pulmonar”, afirma o especialista. Além disso, o trombo também pode ir até o coração ou o cérebro, causando complicações como o ataque cardíaco e o acidente vascular cerebral (AVC), que junto com a Trombose Venosa Profunda, popularmente conhecida apenas como trombose, são as doenças cardiovasculares que mais matam no mundo.
Sintomas da doença
A doença é caracterizada por dores, inchaço, sensação de queimação e mudanças na cor da pele. A Trombose Venosa Profunda é uma doença altamente perigosa, podendo se manifestar na perna, já que as veias da perna têm mais dificuldade em transportar o sangue para o coração.
“O alerta vai especialmente para as pessoas que ficam longos períodos sem se locomover, seja sentado no trabalho ou em uma viagem de avião, já que são hábitos que podem causar problemas na coagulação sanguínea”, alerta o médico.
O Dr. Kleisson Antônio também alerta que ao identificar os principais sintomas de trombose, é necessário procurar imediatamente um especialista. “Pode ser um clínico geral, angiologista ou cirurgião vascular”, explica.
Além do exame físico, alguns exames poderão ser solicitados durante o tratamento, como ultrassonografia, tomografia, ressonância magnética, entre outros.
“Ao confirmar o diagnóstico, o tratamento pode contemplar anticoagulantes ou outras opções medicamentosas, inserção de filtros na maior veia do abdômen para impedir que os coágulos sanguíneos se desloquem para os pulmões e meias de compressão para melhorar o edema causado pela trombose. Porém, somente um especialista pode afirmar qual é o melhor tratamento para cada caso”, conclui o médico.
No Brasil, existem vários tipos de terapias disponíveis, entre elas está a rivaroxabana, um anticoagulante oral para o tratamento e prevenção em adultos, de trombose e embolia pulmonar e a prevenção de AVC em determinados grupos de pacientes com doença cardiovascular.
Prevenção
O especialista ainda explica que atitudes simples do dia a dia trombose incluem o uso de meia elástica durante viagens, movimentação das pernas, levantar, caminhar, tomar bastante líquido. No caso de mulheres, procurar intercalar o uso de anticoncepcionais e dar preferência a produtos adequados, sob a orientação da ginecologista. O médico recomendou que as pessoas façam atividades físicas regulares, “porque o sedentarismo leva à obesidade e ao aumento da incidência da trombose”.
O médico chama a atenção ainda para pessoas que se alimentam mal, com comidas com muito sal e gordura. “Isso tudo é muito ruim. Elas devem procurar ter uma alimentação saudável e ingerir líquidos de forma regular, principalmente no verão, quando a desidratação é muito comum em crianças e idosos”. Os idosos são um grupo de risco para a trombose venosa profunda.
Covid-19 e Trombose
Devido a pandemia da Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, especialistas alertam que há uma grave decorrência de infecção em pacientes durante a internação em hospitais. A trombose ocorre quando um coágulo começa a obstruir uma veia ou artéria, podendo se alojar em outras parte do corpo, como o pulmão, provocando embolia pulmonar com sintomas de dores, tosse, falta de ar e podendo levar até a morte.
Estudos apontam que a Covid-19 está associada a mais estreita com a trombose, em pacientes com estado de saúde mais graves em decorrência ao novo coronavírus. O contágio da doença é de 30%.
Contudo, os pacientes que apresentam a forma grave da doença também são os de maior propensão ao desenvolvimento da trombose: imobilizados pela internação hospitalar, eles têm idade avançada e apresentam comorbidades, como problemas cardíacos, hipertensão e diabetes.