A ofensiva de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tem criado divergências entre integrantes do governo. Uma ala afirma que o papel do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pode acabar enfraquecido por causa do desgaste entre o chefe e o colega da área econômica. Outro grupo aposta que Haddad pode conseguir frear os ataques de Lula. Enquanto Haddad tem buscado um protagonismo maior na interlocução com Campos Neto, Lula se prepara para indicar dois novos diretores do BC no fim do mês. Uma dessas cadeiras, de política monetária, é considerada crucial na atuação do banco junto ao mercado financeiro.
O presidente tem negado que vá interferir no BC, que desde 2021 tem independência para tomar decisões sem passar pelo governo. Por outro lado, Lula já disse que a autonomia do BC seria uma “bobagem” e que a atual taxa básica de juros do país, Selic, é uma “vergonha”. Para o petista, a taxa em 13,75% “atrapalha o povo brasileiro”. Até agora, Lula e Campos Neto se encontraram apenas uma vez, em 30 de dezembro, quando o presidente do Banco Central foi ao hotel do petista em Brasília. O economista fez uma espécie de prestação de contas dos trabalhos do banco sob seu comando.
A interlocutores, Lula já disse não confiar em Campos Neto, que foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) ao cargo, e nem se sentir à vontade para deixar em suas mãos um órgão tão importante para a economia nacional. Por outro lado, há quem acredite que Lula está apenas fazendo uma espécie de “vacina política”, já que ele sabe que a situação econômica do país será de dificuldades em 2023. A avaliação de quem vê com ressalvas a estratégia de combate é de que a autoridade monetária estaria cumprindo seu papel – baseada em questão técnicas e não políticas.
* com informações da UOL