O presidente Lula (PT) exonerou o general Júlio César de Arruda do comando do Exército hoje. O substituto será o atual comandante militar do Sudeste, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva.
A informação foi confirmada pelo UOL por um general da corporação. A destituição se dá em meio a um momento delicado na relação entre o governo e as Forças Armadas, após os atos golpistas de 8 de janeiro
Lula se reuniu com Arruda, o ministro da Defesa, José Múcio, e os outros dois comandantes das Forças Armadas na manhã de ontem (20/01) para, oficialmente, tratar da “modernização” das corporações.
Ao UOL, um general do alto comando afirmou que a decisão de Lula causa “estranhamento” já que ontem houve uma longa reunião e o presidente teria a oportunidade de demitir o comandante. “O método adotado é estranho”, disse, dado que Arruda teria saído da reunião falando que o resultado havia sido “ótimo”.
Arruda assumiu o cargo no dia 30 de dezembro, para ajudar a administrar a posse presidencial, mas teve a relação abalada com Lula depois de indícios de inação por parte do Exército durante os atentados.
Lula tem mostrado abertamente o seu descontentamento com os ataques
Além de fazer cobranças públicas em relação ao Exército, o presidente chegou a questionar se as portas do Planalto foram abertas por militares, dada a facilidade com os que terroristas invadiram os prédios.
Na madrugada dos atentados, o Exército impediu que a PM entrasse no acampamento em frente ao QG, em Brasília, e prendesse os envolvidos —mesmo depois que os terroristas haviam depredado as sedes dos três Poderes. Segundo pessoas próximas ao governo, Arruda desautorizou pessoalmente o ministro da Justiça, Flávio Dino, a entrar no acampamento e prender os manifestantes, na frente de Múcio.
Os episódios fizeram com que Lula ficasse ainda mais desconfiado em relação à corporação e ao comando de Arruda. Desde então, o presidente não tem escondido o descontentamento com os militares, anunciando publicamente uma desmilitarização e desbolsonarização do governo.
Na última terça (17/01), o governo dispensou 40 militares que cuidavam do Palácio da Alvorada. Na quarta (18/01), mais 13 militares do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) que compunham a guarda do Planalto.
O presidente também tem se mostrado insatisfeito com o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), responsável pelo CMP (Comando Militar do Planalto), e com seu comandante, o general Gonçalves Dias, de quem é próximo desde 2003, quando este último comandou a pasta na primeira gestão petista. Segundo a imprensa revelou, ao menos 36 homens do Batalhão da Guarda Presidencial foram dispensados, por escrito, 20 horas antes de bolsonaristas invadirem e depredarem o Palácio do Planalto.