Em entrevista à revista Veja, o ex-presidente uruguaio avaliou as invasões aos Poderes brasileiros como obra de uma divisão instigada por Jair Bolsonaro (PL), uma herança que representa o “maior desafio” de Lula (PT) até hoje, disse.
Apesar de definir a pacificação do país como foco do petista no seu terceiro mandato, Mujica também comentou a respeito da rejeição que Lula sofre por parte da população brasileira.
A esquerda brasileira errou, permaneceu estagnada no tempo e presa na literatura de uma época em um mundo que mudou. Esquerda é empatia, é solidariedade e é preocupação com a desigualdade.
Mujica, que esteve presente na posse de Lula com outro ex-presidente do Uruguai, Julio María Sanguinetti, e com o atual chefe de Executivo do país vizinho, Luís Lacalle Pou, disse que o intuito da visita era apoiar principalmente a democracia, e não uma linha ideológica específica. A frente ampla que elegeu Lula, segundo Mujica, foi a “sobrevivência da democracia institucional contra as tendências autoritaristas”.
“Lula não é um esquerdista radical. Ele vai apenas fazer com que a economia funcione melhor para ajudar quem tem fome. São 33 milhões de famintos. Isso não é aceitável”, completou. Mesmo assim, o uruguaio declarou que o PT é um partido “de esquerda mais ou menos, com contradições”, decorrentes principalmente da falha humana:
“A esquerda brasileira não deixa de ser humana e certamente teve gente que fez besteira e ‘pisou na bola’, mas eu não posso me prender somente em relação à esquerda porque isso acontece com a direita e e com todos. O empresário te rodeia e tenta te corromper”, ponderou.