O tema virou central: todos cobram representatividade nas indicações ministeriais do presidente eleito. Mas seria o caso de apontar que há uma diferença nas cobranças.
Existem aqueles que cobram porque entendem que representatividade importa na construção de um novo país e existem aqueles que não acreditam em representatividade e, ainda assim, se autorizam a berrar “onde estão as mulheres, Lula?”.
Esse é o mesmo grupo que apoiou o golpe em Dilma, que disse que Michel Temer estava formando, finalmente, um ministério técnico, que não se horrorizou vendo apenas homens brancos ao lado do golpista. É o mesmo grupo que acreditou – ou fingiu acreditar – que a Lava Jato era uma operação contra a corrupção, que chamou Moro de enxadrista, que divulgava as informações vomitadas por Deltan e sua trupe sem checar, que disse que Paulo Guedes era um excelente quadro.
São aqueles que tentaram convencer multidões que Haddad e Bolsonaro eram equivalentes e que, no escurinho da urna, cravaram 17 – e provavelmente 22
São os que acreditam em mulheres desde que elas cheguem ao comando e reproduzam as ações opressoras dos antecessores. Essa turma de hipócritas agora diz estar preocupadíssima com representatividade no governo eleito.
Não está. Quer apenas causar. Seguirá olhando para o que Lula faz com um microscópio moral jamais usado desde 2016. Estamos atentos a esse pessoal. Quando Temer deu seu golpe eles ainda conseguiam se disfarçar, mas hoje nem tanto. Cairão, um a um. Soterrados pelo concreto da hipocrisia que promovem no dia a dia. Chafurdados em seu próprio veneno fétido, verão pessoas negras repletas de consciência social e de classe, assim como feministas de esquerda, compondo o mais democrático ministério já composto até hoje. Os que cobram representatividade e alteridades a partir de um lugar de verdade seguirão cobrando em nome da construção de um país inclusivo e socialmente justo.